quinta-feira, 28 de abril de 2011

Nuances

Nuances (autor: Julio Lobo)


(Foto: Julio Lobo)


Fluindo,
A água no chão.
Poças se formam.

Reflexos de um universo ao avesso.
Cada imagem,
Raio, traço,
Tudo se avessa.

É neste avesso que te vejo,
Vejo meu mundo,
Seu mundo;
Neste avesso,
Encontro o ensejo.

E aqui,
Neste pequeno reflexo;
Encontro a mim,
Mas não a mim.

Como em um espelho,
Encontro a mim,
Avesso a mim.
Tão eu o avesso de mim!
Fujo!

Com o pé no chão,
Forte!
Desfaço a poça,
Destruo o reflexo,
Desfiguro o avesso!

Ao meu caminho retorno,
Com a lembrança ao avesso.
Todo o receio,
todo o medo,
Todo meu eu;
Ao avesso.

E do espelho, me dispeço.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Verbo

Verbo (autor: Julio Lobo)

(foto: Julio Lobo)


Do trabalho,
Para casa.
Percerbo-me,
Pequeno!

São Paulo!
Grande cidade!
Não seria cidade grande?

São tantos, são muitos!
Adjetivos,
Termos,
Seres,
Tudo!

Todos formam São Paulo!

Mas,
No final,
Nenhum deles,
Nenhum de nós é São Paulo.

São Paulo não apenas é.

Se descreve,
Nos descreve,
Como o verbo.

Eu São Paulo,
Tú São Paulo,
Todos São Paulo!

terça-feira, 26 de abril de 2011

Nota em Branco

Nota em Branco (autor: Julio Lobo)


(Foto: Julio Lobo)


O branco da folha muito me encara. Olha-me tanto que, por vezes, acredito me tornar tão vazio quanto ela.

Nas linhas,
Sinapses;
Minhas!

Deito meu corpo, isento de histórias, em busca daquilo que muitos descreveriam como fagulhas. Neste intenso pensar não encontro fáceis caminhos.

Calabouços!
Tortuosas passadas,
Entre curvas,
Barreiras.

Escrever é cada vez mais uma aventura. O correr da caneta descreve meus medos.

Desenha angústias,
Temores,
Amores!

Desenha vida!

sábado, 16 de abril de 2011

Bem Querer

Bem Querer (autor: Julio Lobo)

   Um tapa!
   Na cara!


   Muito ouvi dizer que de todas as ofensas, nada pior do que um tapa na cara.


   Será!?
   De qual tapa na cara falamos?


   O tapa na cara pode vir entre aspas, ser subjetivo. Este tapa na cara normalmente nos é dado pelo vida, é ela tentando nos ensinar e avisar de que o caminho pelo qual decidimos é errado.
   A vida nos dá um tapa na cara por amor!


   E quando o tapa na cara é direto, objetivo!?


   Ele pode vir como uma pluma, suave. Desta forma ele nem sempre vem com amor, mas não deixa de ser ensinamento. Vem leve, como resposta à violenta agressão.
   O silêncio é um tapa na cara!


   Quando esta pesado, nos atinge as maçãs (do rosto) como uma marreta. Tem o poder de nos partir, nos fazer entender o que antes era incompreensível. Este, mais uma vez, tem amor.
   Tem muito amor!!!
   Não importa quem o deu, sempre há amor. Muitas vezes este amor pode se apresentar com mágoa, tristeza, até mesmo raiva... Nem por isso deixa de ser amor.
   No amor há vida, preocupação, o anseio de poder ver o "outro" florescer.


   No amor há o tapa na cara.
   No tapa na cara há o amor.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Conveniência

Conveniência (autor: Julio Lobo)



    Preconceito.
    Pré conceito.
    Nascido em uma família metade judia, ouvi muito esta palavra enquanto crescia. Perceberam quão perseguidos e vítimas de preconceito se sentem os judeus!?
    A medida que fui crescendo pude perceber que todos somos assim. Queremos todos ser tratados como iguais, mas no momento que nos sentimos atacados ou ofendidos já nos posicionamos como vítimas de preconceito.
    Adoro o termo "minoria"! Já notaram que este termo por si só posiciona as ditas "minorias" como menores (inferiores) que os outros seres humanos? Temos direitos iguais! Somos iguais, não importando nossa cor, sexo, religião, opção sexual, nossa constituição nos garante isso!!!
    Dia desses ouvi em sala de aula um colega dizer que se chamamos uma pessoa negra de "negro" e ela se sentir ofendida torna-se este um ato de preconceito. CONCORDO! Mas então devemos aplicar esta idéia a todos, se me chamarem de "branco" e eu me sentir ofendido então isto também deveria constituir um ato de preconceito! Mas não é!
    Que tipo de igualdade é essa que nos apresentam!?
    Que tipo de princípio é este que nos ensinam!?
    Queremos igualdade, ou queremos nos manter iguais apenas quando isto nos convém?
    Queremos?
    Conceitos?