segunda-feira, 6 de junho de 2011

Histórias cortadas

Histórias cortadas (autor: Julio Lobo)

Foto: Julio Lobo

Pistoleiro

Esquerda,
Direita.
Passo a passo,
Aproxima-se do alvo.

Dois dias atrás fui procurado,
Um altivo senhor, de terno e gravata;
Dois mil reais me ofereceu e eu, claro, aceitei.

O alvo,
Sua mulher!
Senhora bonita.
Ajudava o senhor a tocar seus negócios,
E nas horas vagas?
Roubava-o para fugir com o amante.

Vingador

Nos dias que se seguiram,
Aquela imagem me assombrava.
Pedro e Carolos, meus irmãos.

Ainda posso ouvir o som das balas atravessando seus corpos.

Puxando o gatilho, faço-o lembrar de meus irmãos.
Percebo em seus olhos a recordação,
Mas não o desejo de perdão.

Justiceiro

Eu, criança,
Me recordo de minha avó,
Frágil senhora, estuprada quando jovem e nunca obteve justiça.

Quando jovem,
Recordo-me de minha irmã,
Mais velha, voltando para casa, assaltada e espancada.

Quando adulto,
Recordo-me de apenas uma coisa,
Uma sensação,
Um sentimento;
Justiça!!!

No beco,
Molhado,
Encontro um pedaço de espelho,
Ao meu lado, no chão.

Um coitado, deitado;
Seu nome? Não sei!
Mas sua índole conheço,
Seu desejo de tomar do mais fraco sua sobrevivência,
Como com minha avó,
Como com minha irmã.

Fecho meus olhos!
Minha mão, sozinha,
Encontra o espelho,
E encontra a carne.

E com o sangue, encontro a paz.

3 comentários:

  1. Oi Julio. Cá estou. A beleza do trágico é a beleza da vida. Fico contente em ver você se aventurando por esses caminhos de escuridão, lodo, lama, dores. Me faz lembrar a UFMS! ahahahahahaha
    Brincadeira. Mas gosto de poesias assim, tipo, poesia marginal. Fique bem, rapaz! Até!

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  2. A "justiça" é sempre algo questionável...
    O que é ela, senao a vingança?
    Mas sempre vemos a Justiça como o bem, a Vingança como Mal.
    Você conseguiu muito bem sinonimizá-las!
    Resta-me, como sempre tirar o chapéu!
    Bravo Júlio!

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  3. Olá Julio, que blog lindo! Assim como o dono, hehe

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